10.5. Prefixos
10.5.1. Vocábulos com outros tipos de formação
Emprega-se o hífen:
a)
Nas palavras compostas por justaposição que não contêm formas
de ligação e cujos elementos, de natureza nominal, adjetival, numeral ou
verbal, constituem uma unidade sintagmática e semântica e mantêm acento
próprio, podendo dar-se o caso de o primeiro
elemento estar reduzido:
ano-luz, arcebispo-bispo, arco-íris, decreto-lei, és-sueste, médico-cirurgião, rainha-cláudia, tenente-coronel, tio-avô, turma-piloto
alcaide-mor, amor-perfeito, estado-maior, gato-pingado, guarda-noturno, todo-poderoso
cabo-verdiano, mato-grossense, norte-americano, pele-vermelha, porto-alegrense, sul-africano, vila-realense
belas-artes, livre-câmbio, má-criação
afro-asiático, afro-luso-brasileiro, luso-brasileiro
azul-escuro, verde-claro
económico-social
primeiro-ministro, primeiro-sargento, primo-infeção, segunda-feira
matéria-prima
conta-gotas, corta-mato, finca-pé, guarda-chuva, mata-borrão, troca-tintas
deve-haver, esconde-esconde, puxa-puxa, ruge-ruge, tem-tem
abaixo-assinado, a-propósito, bota-fora, joão-ninguém, sol-pôr
—
certos compostos, em relação aos quais se perdeu, em certa
medida, a noção de composição, grafam-se aglutinadamente:
girassol, madressilva, mandachuva, pontapé, pontapé
—
deve utilizar-se o hífen em palavras formadas por justaposição,
como: afro-americano, euro-mediterrânico, ibero-americano, luso-asiático. No
entanto, não se emprega hífen em palavras formadas por prefixação: eurocético, eurodeputado, lusófono;
b)
Nos topónimos compostos iniciados pelos adjetivos grã, grão ou
por forma verbal ou cujos elementos estejam ligados por artigo:
Grã-Bretanha, Grão-Pará; Abre-Campo; Passa-Quatro, Quebra-Costas, Quebra-Dentes, Traga-Mouros, Trinca-Fortes; Albergaria-a-Velha, Baía de Todos-os-Santos, Entre-os-Rios, Idanha-a-Nova, Montemor-o-Novo, Trás-os-Montes
—
os outros topónimos compostos escrevem-se com os elementos
separados, sem hífen:
A da Beja, A dos Francos, América do Sul, Belo Horizonte, Cabo Verde, Castelo Branco, Freixo de Espada à Cinta, etc.
N.B.:
Os topónimos Guiné-Bissau e Timor-Leste são, contudo, exceções consagradas pelo uso.
c)
Nas palavras compostas que designam espécies botânicas e zoológicas,
estejam ou não ligadas por preposição ou qualquer outro elemento:
abóbora-menina, couve-flor, erva-doce, feijão-verde; bênção-de-deus, erva-do-chá, ervilha-de-cheiro, fava-de-santo-inácio; bem-me-quer; andorinha-grande, cobra-capelo, formiga-branca; andorinha-do-mar, lesma-de-conchinha; bem-te-vi
N.B.:
Esta regra deve aplicar-se sempre que se refiram quaisquer seres vivos, incluindo fungos, como:
amanita-dos-césares, boleto-das-vinhas, tricoloma-de-são-jorge
Exemplos de locuções que designam espécies animais e vegetais em que se emprega o hífen, frequentes nos textos da responsabilidade da Comissão Europeia:
agriões-de-água grão-de-bico alfaces-de-cordeiro olho-de-vidro-laranja bicho-da-seda rabo-de-gato cana-de-açúcar salmão-do-atlântico castanhas-do-brasil salmão-do-danúbio couve-de-bruxelas salmão-do-pacífico cravo-da-índia solha-das-pedras
d)
Para ligar duas ou mais palavras que ocasionalmente se combinam,
formando, não propriamente vocábulos, mas encadeamentos vocabulares e combinações
históricas ou ocasionais de topónimos:
a divisa Liberdade-Igualdade-Fraternidade, a ponte Rio-Niterói, o percurso Lisboa-Coimbra-Porto, a ligação Angola-Moçambique, Áustria-Hungria, Alsácia-Lorena, Angola-Brasil, Tóquio-Rio de Janeiro, o desafio Chaves-Académica
e)
Na ênclise e na tmese:
amá-lo, dá-se, deixa-o, partir-lhe; amá-lo-ei, enviar-lhe-emos
—
usa-se também o hífen
nas ligações de formas pronominais enclíticas ao advérbio eis (eis-me, ei-lo) e ainda
nas combinações de formas pronominais do tipo «no-lo», «vo-las», quando em próclise (por exemplo: esperamos que no-lo comprem).
Não se emprega o hífen:
a)
Nas ligações da preposição de às formas monossilábicas
do presente do indicativo do verbo haver:
hei de, hás de, há de, heis de, hão de
b)
Salvo em casos consagrados pelo uso, nas locuções de qualquer
tipo, sejam elas substantivas, adjetivas, pronominais, adverbiais, prepositivas
ou conjuncionais:
—
substantivas:
cabeça de motim, cão de guarda, criado de quarto, fim de semana, mão de obra, moço de recados, sala de jantar, sala de visitas
—
adjetivas:
cor de açafrão, cor de café com leite, cor de laranja, cor de tijolo, cor de vinho
N.B.:
Exemplos de locuções substantivas e/ou adjetivas em que não se emprega o hífen, frequentes nos textos da responsabilidade da Comissão Europeia:
água de colónia fim de semana câmara de ar folha de flandres caminho de ferro fora de estrada chapéu de chuva mão de obra chapéu de sol nota de rodapé cor de laranja pé de página cor de rosa pó de arroz dia a dia
—
pronominais:
cada um, ele próprio, nós mesmos, nós outros, quem quer que seja
—
adverbiais:
à parte (note-se o substantivo aparte), à vontade (note-se o substantivo à-vontade), de mais (note-se demais, advérbio, conjunção, etc.), depois de amanhã, em cima, por isso
N.B.:
Mas «ao deus-dará» e «à queima-roupa».
—
prepositivas:
abaixo de, acerca de, acima de, a fim de, a par de, à parte de, apesar de, aquando de, debaixo de, enquanto a, por baixo de, por cima de, quanto a
—
conjuncionais:
a fim de que, ao passo que, contanto que, logo que, por conseguinte, visto que
c)
Em expressões latinas:
ad hoc, ex aequo